Uma pausa nas notícias da Copa para um desabafo. Deveria ter sido postado no dia 12 de junho, mas não quis estragar o Dia dos Namorados de ninguém.
A notícia da vez é antiga - tem exatamente 10 anos - e é citada agora por ser um dos fatos que mais marcaram minha adolescência: o sequestro do ônibus da linha 174. Alguns meios de comunicação também recordaram o ocorrido.
Lembro-me muito bem daquele 12 de junho de 2000, Dia dos Namorados. Naquele ano, eu namorava uma menina de outro Estado, então passei a data sozinho, contentando-me apenas com telefonemas e presente enviado pelo correio. Na mesma ocasião, o professor de Direito nas telecomunicações havia marcado prova e eu estudaria à tarde para realizá-la à noite, como era meu hábito. Mas algo aconteceu.
Um ônibus da viação Amigos Unidos havia sido parado pela polícia, no que parecia ser uma tentativa de assalto. O assaltante, transtornado, faria aquilo virar um sequestro. Muita tensão, torcida, medo. O cenário era bem conhecido: rua Jardim Botânico, ao lado do Clube Militar, pertinho do Parque Lage. Tenho arrepios sempre que passo pelo local e lembro. No pior momento até onde acompanhei, o marginal simulara ter matado uma das reféns. Ninguém sabia que era simulação até o desfecho do episódio.
Fiquei algumas horas acompanhando aquele terror, que mais parecia uma filme de ficção. Mas, nos filmes, geralmente, o final é feliz. Não estudei nada e saí de casa para fazer a prova, como o sequestro em andamento. Ao chegar no CEFET, fico sabendo que tudo terminou, de forma trágica. Aparentemente, um erro por parte da polícia causou a morte de uma refém. O bandido foi morto dentro do camburão, a caminho do hospital ou da delegacia, não sei. Depois veio a notícia de que o Sandro (esse era o nome do traste) era um sobrevivente da Chacina da Candelária, uma infeliz coincidência.
Fizeram filme, documentário, teses, livros. Mas esse sequestro gerou impactos muito mais profundos: um aumento da sensação de insegurança, do preconceito social. Nos últimos dez anos, houve um aumento significativo nas tentativas de proteção pessoal: blindagem, rastreador, sistemas de alarmes sofisticados, CFTV, novas grades e outros aparatos, que cada vez mais, tornavam-nos reféns de nossos próprios medos. Essa tendência só começou a declinar neste ano, com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP). Ficamos na torcida para que este tipo de crime fique, cada vez mais, só na ficção.
PS.: Tirei uma nota razoável na prova de Direito e passei sem sustos na disciplina.
A notícia da vez é antiga - tem exatamente 10 anos - e é citada agora por ser um dos fatos que mais marcaram minha adolescência: o sequestro do ônibus da linha 174. Alguns meios de comunicação também recordaram o ocorrido.
Lembro-me muito bem daquele 12 de junho de 2000, Dia dos Namorados. Naquele ano, eu namorava uma menina de outro Estado, então passei a data sozinho, contentando-me apenas com telefonemas e presente enviado pelo correio. Na mesma ocasião, o professor de Direito nas telecomunicações havia marcado prova e eu estudaria à tarde para realizá-la à noite, como era meu hábito. Mas algo aconteceu.
Um ônibus da viação Amigos Unidos havia sido parado pela polícia, no que parecia ser uma tentativa de assalto. O assaltante, transtornado, faria aquilo virar um sequestro. Muita tensão, torcida, medo. O cenário era bem conhecido: rua Jardim Botânico, ao lado do Clube Militar, pertinho do Parque Lage. Tenho arrepios sempre que passo pelo local e lembro. No pior momento até onde acompanhei, o marginal simulara ter matado uma das reféns. Ninguém sabia que era simulação até o desfecho do episódio.
Fiquei algumas horas acompanhando aquele terror, que mais parecia uma filme de ficção. Mas, nos filmes, geralmente, o final é feliz. Não estudei nada e saí de casa para fazer a prova, como o sequestro em andamento. Ao chegar no CEFET, fico sabendo que tudo terminou, de forma trágica. Aparentemente, um erro por parte da polícia causou a morte de uma refém. O bandido foi morto dentro do camburão, a caminho do hospital ou da delegacia, não sei. Depois veio a notícia de que o Sandro (esse era o nome do traste) era um sobrevivente da Chacina da Candelária, uma infeliz coincidência.
Fizeram filme, documentário, teses, livros. Mas esse sequestro gerou impactos muito mais profundos: um aumento da sensação de insegurança, do preconceito social. Nos últimos dez anos, houve um aumento significativo nas tentativas de proteção pessoal: blindagem, rastreador, sistemas de alarmes sofisticados, CFTV, novas grades e outros aparatos, que cada vez mais, tornavam-nos reféns de nossos próprios medos. Essa tendência só começou a declinar neste ano, com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP). Ficamos na torcida para que este tipo de crime fique, cada vez mais, só na ficção.
PS.: Tirei uma nota razoável na prova de Direito e passei sem sustos na disciplina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário